A Alquimia do Amor - Nicholas Sparks

Desde que descobri que vai sair mais filmes baseados nos livros do Nicholas Sparks, estou obsecada por pesquisar matérias dele. E em uma dessas buscas achei essa incrível entrevista no Diário de Notícias, onde ele fala sobre o livro A ALQUIMIA DO AMOR. Um dos escritores que mais vendem no mundo veio a Lisboa lançar A Alquimia do Amor, dando centenas de autógrafos a leitores agradecidos pelo sonho que encontram nos seus livros.


Considera-se um especialista da escrita do amor?
Considero-me, sobretudo, um escritor que escreve histórias de amor, um dos gêneros mais antigos da literatura, pois começou com as tragédias gregas, e que em seguida têm vindo a ser exploradas, ao longo dos tempos, por grandes escritores, como Shakespeare com Romeu e Julieta, Jane Austen com Ema, Ernest Hemingway com Adeus às Armas.

Portanto, não se vê como um especialista do chamado romance cor-de-rosa?
De modo algum! Eu escrevo histórias de amor, atualizadas das grandes tragédias amorosas da literatura universal.

Será que essas histórias continuam hoje a fazer sentido?
Creio que as histórias de amor pertencem a um gênero literário que tem vindo a conhecer altos e baixos, dependendo muito dos autores que as fazem, pois lidam com os sentimentos, com as emoções humanas. Apesar de não serem espectáculo, no sentido dos ataques bombistas, ou dos cataclismos espectaculares (dos universos televisivo e cinematográfico), são histórias que, por comportarem os nossos mais intensos conflitos interiores, acabam atingindo um grande número de pessoas. O que lhes permite guardar sentido para sempre.

Tem uma receita para escrever os seus livros?
Claro que tenho uma receita! Não se esqueça que estudei os melhores autores das grandes tragédias amorosas. Com eles aprendi a arte de construir uma história de amor, para vir a aplicá-la nos meus romances.

Essa atitude tem a ver com a sua posição frente à literatura ou com uma tentativa de encontrar a fórmula mágica do êxito?
a ver com ambas, embora para mim continue hoje a ser tão difícil escrever como quando fiz o meu primeiro livro.

Difícil porquê, ou em que sentido?
Porque, mesmo sabendo utilizar a fórmula mágica que refere, à medida que vou progredindo na construção de cada novo romance, tenho que saber encontrar a maneira certa de nele imprimir o traço da novidade, sabendo paralelamente manter a minha linha anterior de criatividade, de modo a não deixar de chegar ao público.

Repetindo sempre os seus próprios fantasmas e obsessões?
Creio que todos os escritores acabam por fazê-lo, sobretudo se lidamos com os sentimentos e as emoções. Uma das características deste gênero literário é a invenção, em cada história, de personagens verdadeiramente reais, de modo a que o leitor de qualquer nacionalidade, consiga identificar-se com elas, ou identificar com elas alguém que lhe seja perto: a irmã, a mãe, o pai, um amigo… O universo das emoções é universal.

Considera-se um escritor romântico ou realista?
Realista. O amor é apenas um dos mais elementos importantes dos meus romances. Neles ponho também outras emoções humanas, tal como a tristeza, o ódio, a frustração, a traição, o ciúme.

No entanto, o amor não é o elemento primeiro das suas histórias?
Claro que é o elemento principal. É nele que as pessoas se demoram, ao longo da leitura daquilo que escrevo. E é a ele que retorno em cada novo romance.

O seu olhar sobre o amor, não será idealizado e repetitivo?
Não me parece que seja idealizado, e ainda menos repetitivo, pois em cada um dos meus romances cuido de o tratar sob perspectivas diversas: A Alquimia do Amor é sobre a renovação do amor, enquanto o meu primeiro livro, O Diário da Nossa Paixão, é sobre o amor incondicional. Já o segundo, As Palavras Que Nunca Te Direi, tem a ver com a perda do ser amado, e o terceiro, com o primeiro amor. No quarto, demonstro como o amor nos pode salvar. Falo de amor e perdão no quinto, de amor e sacrifício no sexto, e de amor e perigo no sétimo.

E em todos escreve sobre homens que sabem amar as mulheres?
Em todos eles escrevo sobre homens que se apaixonam. E quando se apaixonam, o seu sentimento é tão intenso quanto o das mulheres apaixonadas, só que, apesar do sentimento ser igual, agem de maneira diferente. Os homens dos meus romances não são perfeitos, têm até grandes falhas.

Não nos demonstra que os homens são mais sólidos no amar?
O que se passa é que os homens estão mais disponíveis para amar. Muitas das minhas protagonistas têm filhos, e penso que as crianças têm sempre prioridade absoluta na vida das mulheres.

Elas não sacrificam os filhos aos homens?
Não sacrificam. Mas eu gosto disso, a minha mãe é assim, a minha mulher é assim também. É um sinal da força das mulheres.

Está a dizer que os homens são mais frágeis?
Geralmente são. A natureza encarregou-se disso, não eu: os homens morrem mais cedo, têm mais ataques de coração, suicidam-se mais…

E lidam menos com o sonho?
Não, apenas sonham diferente. Para muitos deles a vida reduz-se ao trabalho e ao poder. A ambição domina-os. Os homens e as mulheres são muito diferentes, e por isso se amam.

Quando escreve, dirige-se aos homens, mas é entendido pelas mulheres?
Eu escrevo para todos, sobre o drama humano. Acontece que, de uma maneira geral, são as mulheres que mais gostam de ler sobre os sentimentos humanos.

As mulheres não representam a maioria dos seus leitores?
Representam, sem qualquer dúvida, dos EUA a Portugal. (Porque ele esqueceu de nós, queridas leitoras do Brasil?)

Porque elas encontram nos seus romances, os homens que gostariam de encontrar na sua vida real? Um pouco, sim. Mas também porque reconhecem nas minhas personagens femininas as mulheres que elas são. Ou as mulheres que gostariam de ser.

Mulheres reais ou imaginárias?
Mulheres reais: atraiçoadas, amadas, divorciadas, que criam os filhos sozinhas, que sofrem, que se apaixonaram. Mulheres que questionam se existem homens perfeitos, perdidos pelo mundo.

Homens que nos mandam mensagens em garrafas, mesmo depois de estarmos mortas, como acontece em As Palavras Que Nunca Te Direi?
Na América aparecem muitas mensagens em garrafas… Ainda há pouco tempo li num jornal que havia dado à costa uma dessas garrafas, deitada ao mar por um soldado, cujo o navio foi afundado na Segunda Guerra Mundial. Lá dentro vinha uma mensagem para a sua mãe. Então, a pessoa que a achou, encaminhou-a para a mulher a quem era dirigida.

Isso não tem a ver com a solidão?
Não sei se tem a ver com a solidão, se com a demanda do dia-a-dia. A vida tende cada vez a ser mais pesada, mais difícil.

Mais árida, também?
Mais árida?… não sei se será uma questão de aridez.. Creio que a maior dificuldade está em conseguir manter o equilíbrio entre todas as vertentes da vida. Não só entre a família e o trabalho, mesmo no que diz respeito à parte espiritual, à saúde, à necessidade de estar bem consigo próprio.

Há que encontrar a harmonia?
É por isso que se luta constantemente, é isso que mais se deseja: encontrar a verdadeira harmonia.

Há romances seus onde a paixão na velhice é importante.
Falei disso sobretudo no meu primeiro livro, O Diário da Nossa Paixão, onde conto uma história verídica, passada com os avós da minha mulher. Eles eram assim, tal como os descrevo.

Porque retoma em A Alquimia do Amor a história desse seu livro?
Fiz-lo intencionalmente, mantendo as personagens, mas retomando a história seis anos depois. Precisamente porque não queria que este meu romance fosse visto como sendo uma sequência. Ou seja, não deixei que a primeira página de A Alquimia do Amor pudesse ser entendida como continuação da última página de O Diário da Nossa Paixão.

Entre um e outro, fez a sua obra sem grandes sobressaltos?
De um modo geral, estou satisfeito com todo o meu trabalho, feito num percurso realmente estável. E não há nenhum livro meu que, olhando para trás, desejasse não ter escrito.

O amor salva ou mata mais?
Ambas as coisas. Mas, segundo a minha perspectiva, salva mais.

É um idealista?
Sou um otimista.

Apesar de tudo, a morte não é um tema recorrente na sua obra?
Sim, mas a morte existe, é inevitável. Mas é o amor que se mantém como a maior emoção. Quando perguntaram a Cristo, qual era o mandamento mais importante, ele respondeu que era o amor: "Ama Deus e ama o teu próximo". Portanto, o verdadeiro amor deve ser sempre visto como uma benção de Deus. Mas Deus não fez um mundo perfeito, por isso as pessoas morrem…

Fala muito de fé na sua escrita. É um homem de fé?
Sou um homem de fé, um católico praticante: vou à igreja aos domingos, confesso-me, leio a Bíblia à noite e rezo todos os dias.

Portanto, é um homem crente?
Sou um homem crente. Acredito nos valores do coração.

 A razão e o coração nunca andam juntos?
As emoções vão e vêm, não há razão que possa controlá-las. O amor encontra-se sempre por trás das nossas ações.

Considera-se um homem bom?
Digamos que tento ser um homem bom… Sinceramente tento melhorar todos os dias.

Também sinceramente, diga-me: acredita no amor eterno? Acredito! Sinceramente acredito! Verdadeiramente acredito!



Definitivamente acredito! Lindo, não?
Eu também acredito, pois um homem que escreve tão bem, tem que crer num amor assim, num amor eterno.



XOXO,

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